Mãe Malvina
Bom dia à todos os
irmãos(as) de Religiões de Matrizes Africanas, aos irmãos(as) do Kardecismo,
enfim a todos os simpatizantes de nossa amada Religião! Segue mais informações sobre a Yalorixá mais famosa de Florianópolis e do Estado de Santa Catarina. Eu não poderia deixar de agradecer a Cristiana Tramonte pelas informações ao meu ver Sagradas para mim que sou Babalorixá aqui em Florianópolis, Capital. Muito Obrigado Cristiana!
Outra admirável mãe-de-santo, desta vez da umbanda e de Florianópolis, foi a popularíssima Mãe Malvina, ou Dona Malvina, cuja presença e relevância no cenário sócio-religioso da ilha é registrada por Cristiana Tramonte (2001) em seu trabalho sobre as religiões afro-brasileiras em Florianópolis, Santa Catarina. Mãe Malvina é considerada a introdutora dos cultos afro em Florianópolis, onde, em 1947, fundou seu terreiro de umbanda, o Centro Espírita São Jorge, oficialmente registrado em 1953 e, provavelmente o primeiro a tocar os atabaques

“Eu escutava minha mãe contar que
sofreu muito com o Coronel Estrogildo. Esse homem chegava nos terreiros... e
levava os tambores para a delegacia. Ela passou muito trabalho. Os vizinhos que
não aceitavam diziam que aqui dançavam mulheres nuas, que era casa de putaria”.
(Juracy, filha carnal de mãe Malvina, apud Tramonte, 2001:79).
O fim da perseguição a seu
terreiro só se deu, segundo a opinião de Juracy, quando Malvina se casou
novamente, com um marinheiro que depois se tornou policial, o que excluiu sua casa
do circuito das que sofriam este vexame.
“Parou a perseguição.
Autorizaram”. (apud Tramonte, 2001:79).
Com o passar do tempo, mãe Malvina
foi conquistando simpatias, tornando-se popular e influente, mesmo vivendo numa
sociedade majoritariamente branca, de origem européia, cristã e com
preconceitos raciais bastante arraigados. Seu prestígio e carisma como
mãe-de-santo e a beleza de suas festas de São Jorge e de Preto-Velho fizeram
dela uma personalidade pública reconhecida por seu poder de conciliação (e,
claro, seu poder mágico), reverenciada por boa parte da sociedade local
(Tramonte, 2004). Políticos conhecidos, como Esperidião Amim, Ângela Amim e
Cezar Souza freqüentaram a casa de Malvina, além de milhares de pessoas.
Por seu território religioso
transitaram os mais diversos segmentos sociais - dos mais pobres às elites -
todos estes, por interesses diversos, levando em conta sua influência.
Entretanto, esta foi uma árdua construção que, em seus primórdios, demandou o
enfrentamento de convenções sociais, coragem física e espírito desbravador
(Tramonte, 2002:03).
No artigo Festejando os Pretos
Velhos: da senzala ao reinado, as estratégias da Umbanda no período autoritário
em Santa Catarina
(2004), em que analisa os mecanismos de afirmação
da umbanda na Grande Florianópolis no período da ditadura militar, Tramonte nos
dá a conhecer a atuação de Mãe Malvina -pioneira e principal liderança
afro-brasileira em Florianópolis- e suas táticas de afirmação no espaço
religioso e social: a tradução cultural de suas crenças pelas vias do
sincretismo e da festa. A seus santos e orixás de devoção oferecia grandiosas e
concorridas festas, como as de Cosme e Damião, São Jorge, caboclo Munhangaba e
a de Vovó Maria Conga, em 13 de maio. Malvina se tornou tão conhecida que uma
reportagem do jornal O Estado, de 1978 (que informa também a presença de 400
pessoas participando do evento), diz:
"Da rua que passa em frente ao
centro, poucos sabem o nome, sendo mais conhecida como rua do Centro da D.
Malvina, assim como a elevação no local é conhecida como Morro da D.
Malvina".(apud Tramonte, 2004).
O nome de Mãe Malvina ainda hoje
constitui uma referência valiosa para a cultura afro-brasileira em
Florianópolis, para a qual, como boa filha de Ogum, abriu caminhos e conquistou
território. As palavras do babalorixá Omobaomi em entrevista a Cristiana
Tramonte resumem a importância destas mães da cultura afro-brasileira entre as
quais brilha Malvina, como uma das mães da liberdade de credo: "Hoje,
graças a Deus, a gente tem essa liberdade, mas custou muitos tetos de terreiros
quebrados, muitas mães-de-santo desdentadas porque apanhavam da polícia, muito
sofrimento” (Apolônio Antonio da Silva, babalorixá Omobaomi, apud
Tramonte, 2002).
Abraço a Todos
Babalorixá Alexandre D´Ogun
Força e Fé
Quanda devoção e dedicação...gratidão eterna pela sua contribuição da liberdade religiosa...salva minha querida!
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