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quarta-feira, 4 de abril de 2018

Malvina Airoso de Barros - Mãe Malvina

Mãe Malvina
                Bom dia à todos os irmãos(as) de Religiões de Matrizes Africanas, aos irmãos(as) do Kardecismo, enfim a todos os simpatizantes de nossa amada Religião! Segue mais informações sobre a Yalorixá mais famosa de Florianópolis e do Estado de Santa Catarina. Eu não poderia deixar de agradecer a Cristiana Tramonte pelas informações ao meu ver Sagradas para mim que sou Babalorixá aqui em Florianópolis, Capital. Muito Obrigado Cristiana!
           
        Outra admirável  mãe-de-santo, desta vez da umbanda e de Florianópolis, foi a popularíssima Mãe Malvina, ou Dona Malvina, cuja presença e relevância no cenário sócio-religioso da ilha é registrada por Cristiana Tramonte (2001) em seu trabalho sobre as religiões afro-brasileiras em Florianópolis, Santa Catarina. Mãe Malvina é considerada a introdutora dos cultos afro em Florianópolis, onde, em 1947, fundou seu terreiro de umbanda, o Centro Espírita São Jorge, oficialmente registrado em 1953 e, provavelmente o primeiro a tocar os atabaques em Florianópolis. Tramonte cita a existência de mais duas mães, dona Didi e dona Clarinda, que reuniam em suas casas médiuns umbandistas, mas que, segundo lhe pareceu, não tocavam atabaques devido à forte repressão policial aos cultos de origem africana neste período (Tramonte, 2001:77). Malvina teria sido, portanto, a primeira a tocar, enfrentando o perigo. Nascida em 1910 em Itajaí, Santa Catarina, Malvina Arioso de Barros, tecelã negra e pobre, católica, somente por volta dos trinta anos sentiu os sinais da mediunidade: crises epiléticas que a obrigaram a sair do emprego na tecelagem e buscar auxílio na umbanda do Rio de Janeiro, para onde foi, em 1941, com seu marido. Na volta, abriu seu terreiro no então distante bairro de Coloninha, à Rua Felipe Neves. A distância do centro lhe garantia a necessária segurança contra as perseguições policiais e reclamações da vizinhança. Ali realizava seus toques e recebia seu Ogum Guerreiro, Vovó Maria Conga de Angola, Caboclo Munhangaba e Cabocla Jurema (Tramonte, 2001:76/77). Mas,  mesmo procurando o isolamento, mãe Malvina não conseguiu escapar das perseguições . Sua filha narra: 
            “Eu escutava minha mãe contar que sofreu muito com o Coronel Estrogildo. Esse homem chegava nos terreiros... e levava os tambores para a delegacia. Ela passou muito trabalho. Os vizinhos que não aceitavam diziam que aqui dançavam mulheres nuas, que era casa de putaria”. (Juracy, filha carnal de mãe Malvina, apud Tramonte, 2001:79). 
O fim da perseguição a seu terreiro só se deu, segundo a opinião de Juracy, quando Malvina se casou novamente, com um marinheiro que depois se tornou policial, o que excluiu sua casa do circuito das que sofriam este vexame.  

“Parou a perseguição. Autorizaram”. (apud Tramonte, 2001:79). 

           Com o passar do tempo, mãe Malvina foi conquistando simpatias, tornando-se popular e influente, mesmo vivendo numa sociedade majoritariamente branca, de origem européia, cristã e com preconceitos raciais bastante arraigados. Seu prestígio e carisma como mãe-de-santo e a beleza de suas festas de São Jorge e de Preto-Velho fizeram dela uma personalidade pública reconhecida por seu poder de conciliação (e, claro, seu poder mágico), reverenciada por boa parte da sociedade local (Tramonte, 2004). Políticos conhecidos, como Esperidião Amim, Ângela Amim e Cezar Souza freqüentaram a casa de Malvina, além de milhares de pessoas. 
Por seu território religioso transitaram os mais diversos segmentos sociais - dos mais pobres às elites - todos estes, por interesses diversos, levando em conta sua influência. Entretanto, esta foi uma árdua construção que, em seus primórdios, demandou o enfrentamento de convenções sociais, coragem física e espírito desbravador (Tramonte, 2002:03). 
No artigo Festejando os Pretos Velhos: da senzala ao reinado, as estratégias da Umbanda no período autoritário em Santa Catarina (2004), em que analisa os mecanismos de afirmação da umbanda na Grande Florianópolis no período da ditadura militar, Tramonte nos dá a conhecer a atuação de Mãe Malvina -pioneira e principal liderança afro-brasileira em Florianópolis- e suas táticas de afirmação no espaço religioso e social: a tradução cultural de suas crenças pelas vias do sincretismo e da festa. A seus santos e orixás de devoção oferecia grandiosas e concorridas festas, como as de Cosme e Damião, São Jorge, caboclo Munhangaba e a de Vovó Maria Conga, em 13 de maio. Malvina se tornou tão conhecida que uma reportagem do jornal O Estado, de 1978 (que informa também a presença de 400 pessoas participando do evento), diz: 
       "Da rua que passa em frente ao centro, poucos sabem o nome, sendo mais conhecida como rua do Centro da D. Malvina, assim como a elevação no local é conhecida como Morro da D. Malvina".(apud Tramonte, 2004).
 
            O nome de Mãe Malvina ainda hoje constitui uma referência valiosa para a cultura afro-brasileira em Florianópolis, para a qual, como boa filha de Ogum, abriu caminhos e conquistou território. As palavras do babalorixá Omobaomi em entrevista a Cristiana Tramonte resumem a importância destas mães da cultura afro-brasileira entre as quais brilha Malvina, como uma das mães da liberdade de credo: "Hoje, graças a Deus, a gente tem essa liberdade, mas custou muitos tetos de terreiros quebrados, muitas mães-de-santo desdentadas porque apanhavam da polícia, muito sofrimento” (Apolônio Antonio da Silva, babalorixá Omobaomi, apud Tramonte, 2002).

















                                                Abraço a Todos
                                     Babalorixá Alexandre D´Ogun
                                                    Força e Fé                                    




Um comentário:

  1. Quanda devoção e dedicação...gratidão eterna pela sua contribuição da liberdade religiosa...salva minha querida!

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