Considerada uma das maiores Yalorixás do
país, Mãe Stella morreu na quinta-feira (27), em um hospital de Santo Antônio
de Jesus, onde estava internada.
O corpo de Maria Stella de Azevedo Santos,
mais conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, que morreu na quinta-feira (27), está
sendo velado na Câmara de Vereadores da cidade de Nazaré, no recôncavo baiano,
nesta sexta-feira (28).
O enterro será realizado às 16h, também no
Cemitério Municipal de Nazaré. O velório é aberto ao público.
Mãe Stella morreu aos 93 anos, no Hospital INCAR, em Santo Antônio de
Jesus, também no recôncavo da Bahia, onde estava internada desde o dia 14 de dezembro, quando deu entrada
com uma infecção.
Desde 2017, Mãe Stella estava morando na cidade de Nazaré, a cerca de
210km de Salvador. Ela se mudou de Salvador para lá depois de um
desentendimento entre filhos de santo do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, na
capital, e a companheira dela, Graziela.
Considerada uma das maiores ialorixás do país, Mãe Stella nasceu no dia
2 de maio de 1925, em Salvador. Foi a quarta filha de Esmeraldo Antigno dos
Santos e Thomázia de Azevedo Santos.
Aos 13 anos de idade, foi levada pela tia, que a criava, para o terreiro
de mãe Aninha, a fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá. Um ano depois, foi iniciada
no candomblé. Na juventude, sempre gostou de ler. Formou-se enfermeira,
profissão que exerceu durante 30 anos. Em 1976, aos 51 anos de idade, foi
escolhida pelos orixás para ser a nova líder do terreiro de São Gonçalo do
Retiro. Mãe Stella foi a quinta ialorixá a comandar o Ilê Axé Opó Afonjá.
Em 1999, Mãe Stella conseguiu que o terreiro fosse tombado pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em 2005, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal
da Bahia (Ufba). Quatro anos depois, recebeu o mesmo título pela Universidade
do Estado da Bahia. Além disso, Mãe Stella foi agraciada com a Comenda Maria
Quitéria, da Prefeitura de Salvador, com a Ordem do Cavaleiro, do Governo do
Estado, e a Ordem do Mérito, do Ministério da Cultura.
Estudiosa e divulgadora da crença religiosa africana, Mãe Stella foi a
primeira ialorixá no Brasil a escrever livros e artigos sobre o candomblé. Em
2013, foi eleita por unanimidade para a Academia de Letras da Bahia,
ocupando a cadeira de número 33 cujo patrono é o poeta Castro Alves.
A líder religiosa, cultural e social do seu povo sempre condenou o
sincretismo religioso. Para a mãe de santo Stella de Oxóssi, candomblé é
candomblé, e catolicismo é catolicismo. Não concordava com a fusão entre santos
e orixás.
Sempre preocupada em garantir a preservação da cultura negra, Mãe Stella
participava de conferências e dava palestras. No Ilê Axé Opô Afonjá, montou o
primeiro museu aberto em uma casa de candomblé, onde podem ser vistas as roupas
e os objetos usados pelas mães de santo da casa e pelos orixás.
O livro “Mãe Stella de Oxóssi – Estrela nossa, a mais singela!”, obra
organizada pelo escritor Marcos Santana, conta a história de vida da ialorixá
com poesias, depoimentos, resenhas e análises de algumas de suas produções
intelectuais. A obra foi lançada em 2014, no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá.
O livro é uma coletânea que reúne resgate histórico e cultural, com
textos de diversos autores, como: Edivaldo Boaventura, Muniz Sodré, Antonio
Olinto, Jorge Amado, Fernando Coelho, Padre Arnaldo Lima, Dorival Caymmi, Jorge
Portugal, Menininha dos Gantois, Detinha de Xangô, Marcos Santana e da própria
Mãe Stella.
Em 2014, ela também foi homenageada da Flica, festa literária que é realizada todos os anos na cidade de Cachoeira,
no Recôncavo Baiano. Na mesma época, criou a biblioteca itinerante adaptando um ônibus para levar a qualquer
lugar livros que abordam
curiosidades sobre todas as religiões. Pregava um respeito mútuo e uma
convivência pacífica entre todas as crenças para que as pessoas se aproximassem
pela fé.
Mais do que uma sacerdotisa de um dos mais importantes terreiros de
candomblé do país, Mãe Stella de Oxóssi foi uma militante do resgate cultural
de um povo.
Fonte: Por G1 BA
28/12/2018 08h 39
Abraço
à Todos!
Babalorixá Alexandre D ´Ogun Força e Fé.